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Tuesday, January 19, 2010

Feliz Amorversário.


Fizeste-me Rei de cartão
Num frágil forte de colchões.
Mostraste-me como se ama
Sob um tecto de algodão.
Pouco dele resistiria ao vento...
Mas lá dentro, contigo,
Senti paredes de betão.
Fizeste Rei um sem abrigo 
E levantaste-me do chão.

Foram poucos minutos passados p'ra perceber o que não via. As linhas disformes que criaste serviam para nos guardar e afastar os meus fantasmas daquele lugar único (que só nós os dois reinámos). Fantasmas de complexos e monstros inseguros. Mas era óbvio... Criaturas dessa raça têm fobia ao confortável. E tu... tu construiste um castelo de lã.

E a coroa de cartão, que nada me parecia enquanto a fazias de repente!
A pensar só em nós é difícil ver o simples. (desculpa).
E foi aí que, em câmara lenta, abriste uns olhos molhados, 
estendeste as mãos acima do visível e me coroaste de azul.
Não com o valor da coroa, porque isso ela não tem...
Mas com o valor da intenção dos teus braços.
De nos fazer reis de nós!
De nos tornarmos donos fortes do nosso poder enquanto amantes
E sermos imagem de ninguém.
Talvez eu de ti. Talvez tu de mim.

Obrigado por me teres dado um pouco de magia,
Por me teres feito esquecer o que estava fora de mim,
Mas mais que tudo por me teres feito sentir tanto por ti...

E é mesmo assim,
Amor é esquecer-me de mim quando é por mim que tu choras.



Ah!, mas houve algo de mim que recebeste em troca...

                                                                       Alguma vez imaginaste que um dia irias beijar um rei?

Tuesday, August 04, 2009

O egocentrismo e as estrelas.


     Nada pior que a ideia romantica de me deitar no chão a ver o céu. A ver as estrelas. A contemplar uma parte ínfima do que chamamos de infinito.

    Vêm-se pontos de luz brilhante num plano preto, com toda a atenção, e durante alguns minutos tudo deixa de fazer sentido.
   E porquê? Porque sou um ser egocentrico, como quase todos nós. Porque nos está na natureza ser assim. Ou talvez apenas na educação, não sei. A verdade é que após algum tempo de observação do imóvel e infinito, me sinto como se não existisse. Ou quase.
    Penso "tudo aquilo pelo qual luto, todas as ideias pelas quais grito (para dentro ou fora de mim), de nada servem. São inúteis. São insignificantes."
     De que serve a um grão de areia, numa praia, tentar mudar mais dois ou três grãos comparças em relação ao que eles pensam. E o impressionante é que uma praia conhece um fim. E o que vejo, quando me deito de barriga para cima, não o tem.

    É então que, num acto de egoismo, me deito de barriga para baixo e olho para o chão. O chão que sei que tenho que caminhar e através do qual um dia, relatarei o que chamamos de percurso de vida. 

    Só existe então, para mim, uma conclusão. Primeiro, não me convidem para ir ver as estrelas. Segundo, deixem-me olhar para o chão e fantasiar que colada a mim está a felicidade de quem quero bem. E a minha, claro.

Monday, March 16, 2009



Pouca gente visitará este blogue, mas nunca se sabe, talvez consiga angariar algum voto por aqui. Pois é, a minha banda "SOAPBOX" está a concorrer para o concurso preload do Super Bock Super Rock. O prémio? Ir lá tocar. Hoje, já dia 16, estamos em 6º lugar no ranking. Preciso de manter a banda no top 10. São 150 bandas e não é fácil. Qualquer ajuda é bem vinda! Que enviem mails para todos a pedir uma mãozinha para nos levar àquele palco de significativa importância...

Obrigado a todos =)

*G.

Wednesday, February 18, 2009

Nunca diria que uma barra de ferro incialmente forçada, pudesse tomar a forma certa. A forma pretendida por mim, por ti, e por quem a imaginou antes de nós.

Nunca diria que ternura me agarrasse com a força dessa barra e muito menos que tal me deixasse confortável. 

Nunca pensei comparar tudo isto a uma barra de ferro, mas pode assim fazer sentido se te disser que me deixas seguro. 

Abraça-me. Deixa-me deitar o peso dos meus dias no teu peito e dar a vontade dos meus dedos aos teus.

Monday, December 15, 2008

FALSETTO III (14.12.08)

Bem, desta vez não é a letra de uma música mas sim um texto. Mas fala em cantar tudo e não se cantar nada, sendo cantar uma espécie de metáfora para a forma de vida e de como vemos as coisas. E, tanto quanto as letras que aqui pus, me identifiquei com este texto. Aqui vai:


"o cheiro do calor, os troncos nus que, sentados, fumam intermináveis cigarros e celebram o fumo mágico. e eu canto a vida assim, com as ruas lá em baixo, sujas de gente. e eu canto assim, com a cabeça cheia, com a cabeça em chamas, eu canto a desobediência, o movimento extremo, a acção directa. eu canto o fumo e o líquido que se enobrece dentro do corpo e faz rebentar auroras dentro do pensamento. eu canto as bebedeiras e a sociedade secreta de criaturas perdidas. a comunhão entre alcoólicos e animais mitológicos, eu canto também os reis e as rainhas, as roldanas de um motor, os peões que avançam no tabuleiro e também todas as pessoas que conheci e irei conhecer. todas as que me ajudaram a perceber alguma coisa e todas as que me ajudaram a desperceber tudo. eu canto também os beijos e o tempo incomparável do enamoramento, eu canto também a violência gratuita e a pornografia, a natureza que se satisfaz apenas em estar viva, eu canto os mortos por estarem muito longe de mim e canto os vivos para os vivos, canto a degradação, e os sentimentos depressivos e também de vez em quando, e porque não?, a grande alegria, a grande alegria de não estar sozinho, de estar metido com gentes dentro da cabeça da noite, canto tudo e, talvez mesmo por isso, não canto nada. (mas isso também não faz mal)."


Rafael Dionísio in "textos mais ou menos poéticos"

Friday, November 28, 2008

NÃO QUERO

Não quero ter-te nas mãos.
Não quero ideias tuas a fluir entre os meus dedos.
Dedos que levo à cabeça, com os quais tapo a cara
E com os quais me toco em segredo.

Não quero ter-te nos olhos.
Imagens tuas a inundarem um mundo contente
Que espera ansioso que eu o conheça.
E vai morrendo assim a minha gente.

Não quero mais ter-te na voz.
Não quero cantar-te num tom deprimente,
Ler-me nos teus olhos, ausente.
Jaz o tempo, morto, à minha frente.

Não quero noites surreais.
E não as quero reais, sequer.
Não quero noites sem dormir,
E não quero rimar mais.

Não foi aquela a última coisa que te escrevi.
Como deves já ter percebido.
A máscara que naqueles dias coloquei,
Deixou-me confiante. Depois perdido.
Sim, aquele "Ar" era mentido.

E eu, sou assim.
Não queria mais rimar.
Trocar ordem de palavras para deixar de te gostar.
Mas estás e existes como tudo o que eu vejo.
Tudo o que não querendo, eu trocava por um beijo.

Desculpa... mas não te quero conhecer.
Deixas-me perdido.
E eu não consigo viver sem que me faças sentido.

Monday, November 24, 2008

MENINA DA ILHA

Menina da ilha
Que sabes tão bem,
De quando da pedra se faz coração.

Menina da ilha
Que quando o mar de longe bate na pedra,
Sabes que são águas que te deitam ao chão.

Menina da ilha
Que sabes tão bem,
De quando do vento se faz perdição...
Como quando o vento de longe bate na pedra,
Te faz querer não ter coração.

Menina da ilha
Que sabes tão bem,
Quando tudo isso te faz chorar a noção
De que, menina da ilha, nos vamos embora...

Com a pedra, o mar e o vento, então,
Que de lá só nos tira quem nos ama,
Quem nos quer, quem nos leva à razão!

Se tu voltares um dia eu sei
Que hoje, não sabendo nada,
Ainda sei que já te amei.

Se for amanhã eu vou tocar-te
Como sempre te toquei.
Se for mais tarde apenas saberei,
Que de todos os que tive nos braços,
Por muito que acreditasse,
Foste tu que eu agarrei.

Se soubesses o que vejo em ti,
Fugias. Berravas. Tinhas medo de mim.
Tudo consequências do teu medo de ti.

Amizades, cigarros, vinhos e sorrisos,
Tive deles sempre mais do que os precisos.
Mas de ti, meu amor,
De pensamentos indecisos,
Não me basta a amizade,
Ou os cigarros que partilhas.
Não me bastam os sorrisos,
Ou os vinhos que desabafas,
Em mim.

Se tu voltares um dia eu sei,
Que hoje não sabendo nada,
Eu só sei que já te amei.